domingo, 19 de outubro de 2008

Editorial - Aula de 17/10/08

FUNDAMENTOS DE UM “EDITORIAL”

Ao abrirmos os principais jornais diários do país – Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo, O Globo, Jornal do Brasil, Correio Brasiliense, etc. – constantemente nas páginas internas e, quase sempre na página dois, encontramos o que no jargão jornalístico convencionou-se chamar de Editorial. Assim, nos veículos da chamada grande imprensa é tradicional que se reservem a esses Editoriais duas ou mais colunas diárias que, mesmo numa leitura rápida e sem um maior grau de atenção, destacam-se das demais páginas por serem escritos numa tipologia diferenciada.
Existem algumas particularidades que diferem os Editoriais dos demais textos de um jornal, sendo que a mais importante e visível delas é o fato de que aqueles espaços do veículo se caracterizam por serem objetivamente opinativos e nunca informativos. O Editorial pode esclarecer, ilustrar opiniões, induzir a ações e até entreter. O editorial é institucional. É o pensamento oficial do jornal. A notícia interpretativa é ponto de vista de quem organiza o texto e de quem decide ouvir este ou aquele especialista para ilustrar a matéria. Outra dessas particularidades é que um Editorial, para ser lido e entendido como tal, jamais tem o seu conteúdo assinado por nenhum jornalista.
Existe uma pequena fronteira entre o Interpretativo e o Opinativo, essa fronteira deve ser respeitada. Não importa a opinião do jornalista sobre determinado fato é preciso interpretá-lo. Se o jornalista quiser opinar a respeito de determinado assunto, deverá escrever um artigo assinado. Se for opinar em nome da empresa, escreverá um Editorial, ele é anônimo, embora da responsabilidade do diretor ou redator-chefe.
Quem milita nos meios jornalísticos de São Paulo, por exemplo, sabe que os Editoriais do jornal O Estado de São Paulo são assinados pelo jornalista José Nêumanne Pinto, embora sua assinatura jamais tenha constado de qualquer um dos milhares de Editoriais que tem escrito ao longo de sua carreira, já que, se por acaso viesse a assiná-los, isso automaticamente descaracterizaria todo o seu conteúdo como sendo de um Editorial, visto que, assinando-o estaria emitindo uma opinião pessoal e não o pensamento da empresa a respeito do assunto editorializado. O que é, em sua essência, um dos fundamentos inalteráveis de um autêntico Editorial – ele sempre expressa a opinião da empresa, da equipe redacional ou da própria direção do veículo, jamais a opinião do próprio jornalista que o escreve, mesmo que, como às vezes acontece, o conteúdo do editorial não faça o mais perfeito dos casamentos com o pensamento do profissional que o criou. É que, naquele momento em que, desde as primeiras linhas até o ponto final, ele está incorporando o espírito da empresa, traduzindo com suas palavras a opinião da empresa, como, enfim, politicamente a empresa se manifesta a respeito de um determinado assunto, seja ele de ordem econômica, governamental, tenha seu foco na Saúde ou Transporte, não importa – o conteúdo é, em tudo aquilo que expresse, o pensamento final da empresa jornalística a respeito do assunto abordado.


CARACTERÍSTICAS
Acredita-se que apenas 5% do universo de leitores de um jornal lêem o editorial do dia. É um público pequeno, mas exigente, por isso, o editorial é o espaço do jornal escrito na forma culta da linguagem. É o momento em que o redator utiliza frases estratégicas e argumentos lógicos em busca da persuasão final.
A professora Sônia de Brito, destacou três características básicas do editorial em sua tese defendida na Unesp-Bauru em 1994 (“A Argumentação e a Perlocução no Discurso Jornalístico: O Editorial”):
  1. Topicalidade: trata de tema bem definido;
  2. Condensalidade: poucas idéias, com ênfase maior nas afirmações que nas demonstrações;
  3. Plasticidade: flexibilidade, maleabilidade, não-dogmatismo.

“A finalidade do Editorial é dirigir a opinião pública, persuadindo através de apelo, aviso, palavra de ordem ou constatação dos fatos”, diz a pesquisadora. Ela também ensina que “o editorial moderno não é apenas opinião. Inclui análise e clarificação: Expõe, interpreta, esclarece, analisa padrões e significados da caótica mistura de acontecimentos diários”.

TÉCNICAS

O Editorial parte da máxima que será demonstrado em toda a sua evidência, conforme o ponto de vista do jornal. É necessário que o texto responda as questões: Que, Quem, Quando, Como e Porque, pois será preciso argumentar para chegar a uma conclusão lógica.
A discussão pode ser inspirada numa notícia ou declaração do dia. Uma vez exposta a informação, em curtas linhas, parte-se para a argumentação, sobrepondo linhas de raciocínio cuja estrutura irá depender do domínio do redator sobre o texto.
Ao final é preciso que a argumentação caminha para uma conclusão sobre os pontos de vista defendidos no texto, confirmando ou negando a tese por meio da antítese. A estrutura do texto ficará assim:

  • Informação
  • Argumentação
  • Conclusão

EXEMPLIFICAÇÃO

A tabela abaixo mostra dois editoriais dos jornais Folha de São Paulo e O Estadão nas quais abordam a mesma temática, o golpe que aconteceu na cidade de Granada, só que pontos de vistas distintos.
O texto foi divido nos blocos Informação, Argumentos e Conclusão para exemplificar a estrutura de um Editorial.


Fonte: http://lucajor.vilabol.uol.com.br/fazendoeditorial.htm


Editoriais veiculados no Jornal Folha de São Paulo, na data de 17/10/2008.







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